“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

Sera' que Galatas 3:7-9, 29 ensina que os cristaos sao filhos de Abraao?

Os teólogos do Pacto ensinam que a promessa que Deus fez a Abraão — de que pessoas de “todas as famílias da terra” seriam abençoadas como “filhos” de Deus mediante a fé (Gn 12:1-3; 13:14-16; 15:5-6) — estaria se cumprindo hoje. Por conseguinte, os cristãos seriam israelitas espirituais. Os versículos que usam do Novo Testamento para supostamente provar isso são apresentados nos próximos tópicos.

“Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” Gálatas 3:7-9, 29

Segundo entendemos, nas Escrituras os cristãos nunca são chamados de “filhos” de Abraão. Aqueles de quem Paulo está falando nesta passagem — que são abençoados “da fé” — são crentes descendentes de Abraão (Jo 8:39) e gentios crentes no reino milenial de Cristo. Dizer que Gênesis 12:1-3; 13:14-16; 15:5-6 se referem a cristãos é o mesmo que dizer que a Igreja é mencionada no Antigo Testamento, o que as Escrituras (e os Dispensacionalistas) negam categoricamente. “Todas as famílias da terra” (Gn 12:3) e “os gentios” (Gl 3:8) são gentios que serão abençoados com Israel no futuro. Esses não poderiam ser a Igreja, pois estão designados como “famílias da terra” e a Igreja, como já observamos, é uma companhia especial de crentes cuja origem e destino são celestiais. Além disso, a expressão “...são benditos com o crente Abraão” (Gl 3:9) demonstra que está falando de uma bênção terrena, pois as bênçãos que foram prometidas a Abraão e sua família eram terrenas.

Paulo corrigiu esse equívoco dos Gálatas a respeito de quem seria a “semente” ou “descendência” de Abraão em Gênesis 13:15 e 22:18, mostrando que não se trata dos descendentes naturais de Abraão, mas do próprio “Cristo” (Gl 3:16). Ele toma o cuidado de indica que, quando a promessa foi feita, era para a “semente” (singular) de Abraão, não para suas “sementes” (plural). A ausência da letra “s” muda totalmente o significado. Portanto, Gênesis 13:15 e 22:18 se referem ao Senhor Jesus Cristo que viria da posteridade de Abraão. Ele é um descendente direto de Abraão (Mt 1:1; Lc 3:34). Não saberíamos disso lendo o relato em Gênesis, mas o Espírito de Deus nos mostrou isso aqui em Gálatas 3:16. O ponto a ser observado na passagem é que Deus prometeu abençoar “todas as nações” ou “famílias da terra” (judeus e gentios igualmente) “da fé”, ou sobre o princípio da fé. É a única maneira de pessoas serem abençoadas, sejam israelitas, gentios ou cristãos. Todavia, o povo em particular ao qual o apóstolo está se referindo ao ilustrar seu argumento é aquele formado pelos israelitas e gentios redimidos que entrarão no reino milenial.

Paulo segue falando do lugar especial de bênção que os cristãos têm (como parte da Igreja) na última porção de Gálatas 3, em contraste com Israel e os santos do milênio. O versículo 26 declara que os cristãos são “filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus”. A distinção entre crentes judeus e gentios nessa nova posição desaparece, o que já não é o caso com os santos terrenos no Milênio. Na Igreja de Deus “não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). Como já observado em um capítulo anterior, a expressão “em Cristo” denota a posição do cristão diante de Deus no Cristo ressuscitado. Ela significa literalmente ocupar o lugar de Cristo diante de Deus. Mas existe algo mais, e isto pelo fato de o cristão fazer parte dessa raça de homens da nova criação sob Cristo, e é o que o versículo 29 declara, ou seja, que o crente também é “de Cristo”. Isto significa que na nova criação somos da mesma substância de Cristo. Somos “todos de um” juntamente com Ele, sendo do mesmo tipo que ele, e assim somos Seus “irmãos” (Hb 2:11-12; Rm 8:29). O ponto que Paulo quer frisar aqui é que, uma vez que Cristo é a “semente” ou “descendência” de Abraão (Gl 3:16), e nós estamos “em Cristo” e somos “de Cristo”, somos também “semente de Abraão” em virtude de nossa vívida união com Cristo. Somos semente ou descendência de Abraão por meio de nossa conexão com Cristo. É apenas neste sentido que Abraão poderia ser visto como “pai de todos os que creem” (Rm 4:11).

Portanto, os judeus e gentios que irão crer e herdar a terra são “filhos” de Abraão, mas os cristãos são “semente” ou “descendência” de Abraão. Os judeus e gentios terrenos “são benditos com o crente Abraão” (Gl 3:9), mas os cristãos são abençoados “com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Como já observado, estas são duas esferas totalmente diferentes de bênção — uma terrenal e a outra celestial.

É verdade que Paulo usa a palavra “descendência” (ou semente) num sentido literal em Romanos 9:7 e 2 Coríntios 11:22 para designar os descendentes naturais de Abraão, mas em Gálatas 3 ele usa a palavra para falar de Cristo, e de todos os que estão “em Cristo” e são “de Cristo”.



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