“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

DEUTERONOMIO 21

Este capítulo trata do caso de um assassinato de autoria desconhecida na terra (Dt 21:1-9). Em situações assim o princípio da proximidade devia ser aplicado pelos anciãos de Israel para determinar qual cidade seria responsável em cuidar do assunto. Ao medirem “a distância até as cidades que estiverem em redor do morto”, a cidade mais próxima ficaria responsável. Os anciãos daquela cidade eram convocados a cuidar da provisão que Deus fazia para casos assim, e dessa forma se inocentarem do assassinato.

O homem morto é uma figura do assassinato de Cristo pelos judeus (At 3:14-15; 1 Ts 2:15). Neste caso a cidade tida por responsável é Jerusalém, pois Cristo foi crucificado “próximo da cidade” (Jo 19:20; Hb 13:12). Uma “novilha... que não tenha trabalhado nem tenha puxado com o jugo” devia ser morta em sacrifício para tirar “o sangue inocente” do meio deles (Dt 21:3-4, 9). Este é outra figura da morte de Cristo. Portanto, existem duas figuras da morte de Cristo aqui:
  • “Um morto” tem a ver com a parte do homem na morte de Cristo — assassinato (Dt 21:1-2).
  • “A novilha degolada” tem a ver com a parte de Deus da morte de Cristo — a qual foi necessária para fazer expiação pelo pecado a fim de que os pecadores pudessem ser salvos (Dt 21:6).
O lado da cruz que concerne ao homem produziu culpa, mas o lado da cruz que concerne a Deus pode levar embora a culpa.

Pelo fato de a novilha não ter trabalhado e nem puxado jugo ela é uma figura de Cristo que nunca esteve sob a influência ou controle do homem em nenhum aspecto de sua vida. A novilha precisava ser sacrificada em um “vale áspero” (Dt 21:4 - Almeida Corrigida) onde havia “águas correntes” (Almeida Atualizada). Isso é uma figura da graça de Deus que corre através deste mundo áspero e sobrecarregado de pecado. Os anciãos podiam alegar ignorância do mal com base no sacrifício da novilha. Eles podiam lavar “as suas mãos sobre a novilha degolada no vale” com a água do regato, e assim “o sangue” do homem assassinado lhes seria expiado. No caso específico dos judeus isso era exatamente o que eles não poderiam fazer. Eles não podiam se valer da provisão que Deus tinha feito para eles em graça na morte de Cristo. Isso foi omitido no caso deles na pregação dos apóstolos, mas a massa da nação rejeitou aquele testemunho (At 2:38; 3:19; 5:30-31).

Em Deuteronômio 21:10-14 o assunto do capítulo muda repentinamente. Supõe-se que uma batalha tivesse sido lutada contra os “inimigos” de Israel e uma vitória conquistada. Essa vitória é uma terceira figura da morte de Cristo neste capítulo. Ela tipifica Sua vitória sobre o pecado, Satanás e a morte através de Sua morte e ressurreição (Hb 2:14-15). “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro” (Ef 4:8). Assim o Senhor colocou os crentes em sujeição a Si mesmo, os mesmos que antes eram escravos de Satanás (Lc 11:21-22).

Dentre os cativos havia “uma mulher formosa” que alguém poderia desejar tomar “por mulher”. Essa mulher gentia é uma figura da Igreja, que nos é apresentada aqui após Israel ter sido colocado de lado. A mulher devia rapar ou cortar tudo o que indicasse suas conexões passadas com a idolatria etc., de modo que ficasse pronta para seu novo marido. Não era algo que alguém fizesse por ela, mas ela deveria fazê-lo por si mesma. Isto nos fala do juízo próprio que os cristãos devem exercitar quando são salvos. Tudo o que é pecaminoso e contaminante que existia anteriormente em nossa vida deve ser julgado e eliminado (2 Co 7:1). Ela devia despir “o vestido do seu cativeiro” e chorar “a seu pai e a sua mãe um mês inteiro”, antes de poder ser tomada por esposa. Isso nos fala em figura de todo o período de tempo desde quando a Igreja foi chamada pelo evangelho até o dia em que for levada para o lar na glória, por ocasião da vinda de Cristo no Arrebatamento.

A narrativa acrescenta que pode existir uma possibilidade de a mulher não agradar a seu marido e ele a deixar (Dt 21:14). Isso sugere que a porção apóstata da cristandade será abandonada pelo Senhor e eventualmente cuspida de Sua boca (Ap 3:16).

Deuteronômio 21:15-17 continua o assunto, falando agora de um homem com “duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem despreza” . Estas correspondem à Igreja (a amada) e a Israel (a desprezada) no tempo presente. Mas quando chegar a hora de receber a herança, “ao filho da desprezada reconhecerá por primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto tiver”. Isso nos fala da bênção de Deus sobre o remanescente de Israel em um dia vindouro quando Cristo retornar para tomar posse da herança. Naquele dia o Senhor reconhecerá “o direito da primogenitura” em Israel, e introduzirá na bênção um remanescente da nação (Êx 4:22).

Em Deuteronômio 21:18-23 ocorre outra mudança de assunto. Nos versículos finais do capítulo temos instruções dadas a respeito de um filho rebelde que não age corretamente. Ele é uma figura do Israel apóstata que num dia vindouro irá se recusar a abandonar seu pecado e fazer a vontade de Deus. O jovem rebelde não deveria ser poupado, mas entregue aos juízes e executado. Portanto estes dois jovens do final do capítulo de Deuteronômio 21:17-18 representam duas porções de Israel no futuro — o remanescente que será abençoado com uma “dobrada porção” e os apóstatas que serão julgados. Naquele dia “o Senhor julgará o Seu povo” (Sl 135:14; 50:4). Aqueles que se mostrarem incrédulos serão julgados no lagar do juízo do Senhor. A “vinha da terra” será atirada “no grande lagar da ira de Deus” (Ap 14:19).



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