A ordem como a
expiação era aplicada à casa de Aarão e à casa de Israel reflete a ordem
dispensacional de Deus. Aarão e sua família formam um bem conhecido tipo de
Cristo e da Igreja. Eles permaneciam diante de Deus como uma família de
sacerdotes durante a economia mosaica. De maneira similar, os cristãos formam
uma companhia de sacerdotes que permanecem diante de Deus hoje no santo dos
santos (1 Pe 2:5; Ap 1:5-6; Hb 10:19-22). A casa de Israel é uma figura da
nação de Israel que será introduzida na bênção na Manifestação de Cristo.
Aarão foi
escolhido dentre o povo e a obra de fazer a expiação foi entregue em suas mãos
(Lv 16:1-4). Ele é uma figura de Cristo. A fim de cumprir essa grande obra,
Aarão precisava remover suas vestes de “glória
e ornamento” que ele normalmente vestia (Êx 28), e vestir um conjunto
especial, uma “túnica santa de linho”.
Isso nos fala de Cristo, que deixou de lado a glória da Sua divindade e veio ao
mundo como um Homem (Fp 2:6-7). A túnica santa de linho nos fala da pureza e
perfeição da Pessoa de Cristo e, portanto, de estar Ele apto a levar sobre si o
pecado.
Duas cerimônias
distintas eram conduzidas por Aarão naquele dia. Primeiro, ele fazia a expiação
por sua própria casa (Lv 16:5-14), e depois fazia expiação pela casa de Israel
(Lv 16:15-22). As duas partes da
expiação (propiciação e substituição) podem ser vistas também aqui — em conexão
com a casa de Aarão e a casa de Israel. Isso é visto no local onde o sangue era
colocado (Lv 16:14-15). Em ambos os casos ele era colocado “sobre” o propiciatório. Isso nos fala da propiciação, que é a
parte que tem a ver com Deus na expiação (Rm 3:25; Hb 2:17; 1 Jo 2:2; 4:10).
Então o sangue era borrifado sobre o chão “diante”
do propiciatório. Isso nos fala da substituição, a qual representa a parte que
tem a ver com o crente nessa grande obra (Is 53:5-6; 1 Pe 2:24; 3:18 — “o justo pelos injustos”).
Sem entrarmos em
outros detalhes desta maravilhosa figura, vamos observar que a expiação era
feita primeiro a favor família de Aarão, e depois era feita a favor da casa de
Israel. O fato de as cerimônias serem feitas separadamente tem um significado
dispensacional. Isso nos ensina que a Igreja desfruta da expiação antes do remanescente de Israel. Não
estamos dizendo que Cristo irá fazer uma expiação duas vezes; a obra que Ele
consumou na cruz aconteceu de uma vez por todas. Todavia, a aplicação de Sua obra expiatória, no que
diz respeito a esses dois grupos, ocorre separadamente, indicando que existe
uma ordem dispensacional nas maneiras de Deus agir. Se a Igreja e Israel fossem
um só povo de Deus (como pensam alguns), então não haveria necessidade de Aarão
passar duas vezes pelo processo de aplicação do sangue.
Depois de Aarão
ter completado o trabalho, ele entrava no santuário, e desaparecia da vista do
povo (Lv 16:23-24). No “santo dos santos”
ele despia suas vestes de linho e colocava seus vestidos de glória e ornamento.
Em figura, isso nos fala da ascensão de Cristo à presença de Deus no santuário
celestial (At 1:9; Hb 4:14; 8:1-2) e sendo glorificado ali (1 Pe 1:21; Hb 2:9).
Então, após ter ficado no santuário por algum tempo, Aarão saía para ser visto
pelo povo novamente, e lhes dirigia em adoração a Deus (Lv 16:24-34). Naquele
momento a casa de Israel afligia suas almas em arrependimento (Lv 16:29). Isso
tipificava o que irá acontecer a Israel no futuro. Cristo voltará do céu à vista
de todos (Ap 1:7) e o remanescente de Israel irá se arrepender e entrar nos
benefícios da obra expiatória de Cristo (Zc 12;10-13:1).
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.