Esta passagem
tem a ver com matrimônio e divórcio. Ela supõe o caso de “um homem” tomar para si “uma
mulher”, porém “não achar graça em
seus olhos, por nela encontrar coisa indecente”. Isso é uma figura do
Senhor que tomou a para Si a nação de Israel à semelhança de um matrimônio (Dt
7:6-8 Ez 16:1-14). Todavia, considerando que Israel se entregou à impureza da idolatria,
o Senhor deu a ela uma “carta de divórcio”
(Is 50:1) e declarou: “Ela não é minha
mulher, e eu não sou seu marido” (Os 2:2). Dessa forma a nação foi colocada
de lado.
Então diz que “se ela, pois, saindo da sua casa, for e se
casar com outro homem”, isso pode se referir a Israel colocando-se sob o
poder de outras coisas, isto é, do mundo, da carne e do diabo, no tempo de sua
diáspora. Também diz que “seu primeiro
marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher”.
Isso nos fala do Israel apóstata, que foi colocado de lado e não será novamente
recebido para bênção, pois para a apostasia não existe caminho de volta (Hb
6:4-6). No futuro o Senhor irá receber um remanescente de Israel, mas esses não
serão a geração incrédula e desprovida de fé que foi colocada de lado.
Então, no
versículo 5, é mencionado o homem “recém
casado”. Isso aponta para a nova iniciativa do Senhor quando Israel foi
colocado de lado. Essa nova esposa é uma figura da Igreja. Ali diz que ele “não sairá à guerra, nem se lhe imporá
qualquer encargo; por um ano ficará livre em casa e promoverá felicidade à
mulher que tomou.” O Senhor está hoje cumprindo esse período de “um ano”, por assim dizer. Ele não está
saindo “à guerra” e executando Seus
juízos como um guerreiro contra Seus inimigos, algo que as Escrituras proféticas
dizem que Ele fará em Sua Manifestação (Is 42:13; Ap 19:11). Tampouco vemos o
Senhor publicamente lidando com o governo deste mundo (Is 9:6). O principal
interesse de Cristo é promover “a
felicidade” daqueles que tomou para serem Sua esposa. Ele está no momento
engajado em ministrar às afeições de Sua Igreja (Jo 15:9; Ef 5:25-26; compare
com Rute 2:13: “me consolaste e falaste
ao coração de tua serva”).
No versículo 7 o
assunto muda e passa a considerar “um
homem” que roubou ou sequestrou “um
dentre os seus irmãos, dos filhos de Israel”, e fez dele mercadoria
vendendo-o como escravo. Isso aponta para o fato de que, após o Senhor levar
Sua Igreja para o lar na glória, “o homem
de pecado” (o Anticristo) se levantará na terra de Israel e roubará os
corações das multidões dos judeus (Jo 5:43; 2 Sm 15:1-5). O Anticristo fará com
que sejam vendidos à Besta e à
adoração de sua imagem — “a abominação
desoladora” (Ap 13:11-18; Dn 12:11; Mt 24:15). O juízo é pronunciado sobre
o “ladrão” e sabemos que isso virá
sobre o Anticristo na Manifestação de Cristo. O Anticristo, juntamente com a
pessoa da Besta, será tomado e lançado vivo no lago de fogo (Ap 19:20).
Os versículos 8
e 9 falam da “praga da lepra”.
Considerando que isto vem após a passagem que fala do Anticristo e do que ele
fará, estes versículos se referem (dispensacionalmente) à praga da apostasia
que se espalhará pela terra de Israel nessa ocasião como consequência do ensino
maligno do Anticristo (Mt 24:29; 2 Ts 2:9-12); Ap 8:8-12; 9:1-11). A passagem
diz que se algo assim ocorresse na terra, eles deveriam “fazer conforme” ao que havia sido mandado na Lei concernente à lepra
— o que significava colocar o leproso fora do arraial (Lv 13:46; Nm 5:1-3).
Isso aponta para o juízo que os anjos executarão ao colocarem fora “do seu reino tudo o que causa escândalo, e
os que cometem iniquidade” (Mt 13:41). Isso também acontecerá na
Manifestação de Cristo.
Então, nos
versículos 10 ao 16 o assunto é como o homem “pobre” deve ser tratado — com graça e bondade.
Dispensacionalmente, o pobre nos fala do remanescente perseguido de judeus
crentes que irá confiar no Senhor naquele dia vindouro (Sl 9:18; 10:2, 8-10;
12:5; 14:6; 35:10; 37:14; 40:17; Mt 5:3, etc.). Eles serão introduzidos na
bênção após o Senhor ter tratado com a Besta e o Anticristo.
Os versículos 17
ao 22 encerram o capítulo com a misericórdia sendo estendida ao “estrangeiro” que entrar na terra e se identificar
com os filhos de Israel. Isso demonstra que o povo de Deus não deverá se opor
aos gentios que quiserem viver entre eles. Profeticamente isso nos fala dos
gentios que se unirão ao Senhor e ao Seu povo Israel (S 47:9; Is 56:3-8; Zc
2:11). Deus irá agir em bênção para com as nações que se submeterem ao Senhor
Jesus Cristo no Milênio.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.