“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

DEUTERONOMIO 24

Esta passagem tem a ver com matrimônio e divórcio. Ela supõe o caso de “um homem” tomar para si “uma mulher”, porém “não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente”. Isso é uma figura do Senhor que tomou a para Si a nação de Israel à semelhança de um matrimônio (Dt 7:6-8 Ez 16:1-14). Todavia, considerando que Israel se entregou à impureza da idolatria, o Senhor deu a ela uma “carta de divórcio” (Is 50:1) e declarou: “Ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido” (Os 2:2). Dessa forma a nação foi colocada de lado.

Então diz que “se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem”, isso pode se referir a Israel colocando-se sob o poder de outras coisas, isto é, do mundo, da carne e do diabo, no tempo de sua diáspora. Também diz que “seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher”. Isso nos fala do Israel apóstata, que foi colocado de lado e não será novamente recebido para bênção, pois para a apostasia não existe caminho de volta (Hb 6:4-6). No futuro o Senhor irá receber um remanescente de Israel, mas esses não serão a geração incrédula e desprovida de fé que foi colocada de lado.

Então, no versículo 5, é mencionado o homem “recém casado”. Isso aponta para a nova iniciativa do Senhor quando Israel foi colocado de lado. Essa nova esposa é uma figura da Igreja. Ali diz que ele “não sairá à guerra, nem se lhe imporá qualquer encargo; por um ano ficará livre em casa e promoverá felicidade à mulher que tomou.” O Senhor está hoje cumprindo esse período de “um ano”, por assim dizer. Ele não está saindo “à guerra” e executando Seus juízos como um guerreiro contra Seus inimigos, algo que as Escrituras proféticas dizem que Ele fará em Sua Manifestação (Is 42:13; Ap 19:11). Tampouco vemos o Senhor publicamente lidando com o governo deste mundo (Is 9:6). O principal interesse de Cristo é promover “a felicidade” daqueles que tomou para serem Sua esposa. Ele está no momento engajado em ministrar às afeições de Sua Igreja (Jo 15:9; Ef 5:25-26; compare com Rute 2:13: “me consolaste e falaste ao coração de tua serva”).

No versículo 7 o assunto muda e passa a considerar “um homem” que roubou ou sequestrou “um dentre os seus irmãos, dos filhos de Israel”, e fez dele mercadoria vendendo-o como escravo. Isso aponta para o fato de que, após o Senhor levar Sua Igreja para o lar na glória, “o homem de pecado” (o Anticristo) se levantará na terra de Israel e roubará os corações das multidões dos judeus (Jo 5:43; 2 Sm 15:1-5). O Anticristo fará com que sejam vendidos à Besta e à adoração de sua imagem — “a abominação desoladora” (Ap 13:11-18; Dn 12:11; Mt 24:15). O juízo é pronunciado sobre o “ladrão” e sabemos que isso virá sobre o Anticristo na Manifestação de Cristo. O Anticristo, juntamente com a pessoa da Besta, será tomado e lançado vivo no lago de fogo (Ap 19:20).

Os versículos 8 e 9 falam da “praga da lepra”. Considerando que isto vem após a passagem que fala do Anticristo e do que ele fará, estes versículos se referem (dispensacionalmente) à praga da apostasia que se espalhará pela terra de Israel nessa ocasião como consequência do ensino maligno do Anticristo (Mt 24:29; 2 Ts 2:9-12); Ap 8:8-12; 9:1-11). A passagem diz que se algo assim ocorresse na terra, eles deveriam “fazer conforme” ao que havia sido mandado na Lei concernente à lepra — o que significava colocar o leproso fora do arraial (Lv 13:46; Nm 5:1-3). Isso aponta para o juízo que os anjos executarão ao colocarem fora “do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade” (Mt 13:41). Isso também acontecerá na Manifestação de Cristo.

Então, nos versículos 10 ao 16 o assunto é como o homem “pobre” deve ser tratado — com graça e bondade. Dispensacionalmente, o pobre nos fala do remanescente perseguido de judeus crentes que irá confiar no Senhor naquele dia vindouro (Sl 9:18; 10:2, 8-10; 12:5; 14:6; 35:10; 37:14; 40:17; Mt 5:3, etc.). Eles serão introduzidos na bênção após o Senhor ter tratado com a Besta e o Anticristo.

Os versículos 17 ao 22 encerram o capítulo com a misericórdia sendo estendida ao “estrangeiro” que entrar na terra e se identificar com os filhos de Israel. Isso demonstra que o povo de Deus não deverá se opor aos gentios que quiserem viver entre eles. Profeticamente isso nos fala dos gentios que se unirão ao Senhor e ao Seu povo Israel (S 47:9; Is 56:3-8; Zc 2:11). Deus irá agir em bênção para com as nações que se submeterem ao Senhor Jesus Cristo no Milênio.

Mais uma vez este capítulo nos dá uma figura típica da ordem dispensacional das maneiras de Deus em tratar com Israel e a Igreja.




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