Existe algo mais
que precisa ser colocado diante de nossos leitores nesta exposição da Teologia
do Pacto. Precisamos examinar algumas das passagens das Escrituras que os
teólogos do Pacto dizem terem se cumprido hoje na Igreja, e mostrar como foi
que eles chegaram às suas interpretações errôneas. Essas passagens são
encontradas no livro de Atos e nas epístolas, e são citações das Escrituras do
Antigo Testamento. Um olhar mais apurado irá demonstrar que elas não são um
cumprimento daquelas profecias do Antigo Testamento, mas foram citadas apenas
para mostrar que o caráter de algo
que ocorreu na Igreja está em conformidade com a maneira de Deus lidar com os
homens, isto é, o objetivo foi mostrar que Deus mantém seus padrões morais.
A maioria desses
erros de interpretação ocorre por quem não “maneja
[gr.: ‘disseca’] bem a palavra da verdade” (1 Tm 2:15), e isola um
versículo ou parte de um versículo fazendo sua “particular interpretação” (2 Pe 1:20) que não se encaixa no
restante das Escrituras. Somos alertados pelo apóstolo Pedro que viriam aqueles
que se levantariam na profissão cristã e seriam “indoutos e inconstantes” na verdade, que “torcem” os ensinos das Escrituras (1 Pe 3:15-16). “Torcer” significa deformar, enrolar ou desviar-se
do significado ou uso correto. Isto é exatamente o que os teólogos do Pacto têm
feito com muitas passagens do Novo Testamento a fim de fazê-las encaixar em seu
sistema errôneo de ensino. Homens assim podem até possuir uma coleção de
diplomas na parede, mas são bem “indoutos”
(2 Pe 3:16), como pessoas que “aprendem
sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Tm 3:7).
Se a doutrina do
Pacto fosse verdade, existiria na Palavra de Deus um lugar especialmente
designado para ensinar essas coisas aos cristãos. Considerando que não estamos
falando aqui de alguma pequena nuance no entendimento, mas de todo um sistema
de ensino que diz respeito a muitas coisas envolvidas na compreensão de alguém
do programa de Deus para o futuro deste mundo, Deus teria devotado ao menos uma
epístola no Novo Testamento para tratar do assunto. Existiria um lugar nas Escrituras
onde a comunidade cristã ficaria bem informada de que não haveria uma
restauração literal de Israel, e que Israel teria se transformado na Igreja,
que não haveria um reino milenial por vir etc. Mas não encontramos nada disso
em nossa Bíblia, e nem podemos encontrar, pois se trata de um erro.
O melhor que os
teólogos do Pacto podem fazer para dar suporte ao seu sistema de ensino da Palavra
de Deus é apontarem para uma frase isolada de Paulo ou de algum outro autor do
Novo Testamento. Mas invariavelmente são versículos obscuros e isolados, ou
partes de versículos. E se eles não nos deixaram claro seu significado, não é
provável que alguém pudesse usá-los para construir seus próprios pensamentos.
Isso mostra claramente que a Teologia do Pacto é uma “particular interpretação” (2 Pe 1:20). Isto deve servir de alarme
para o estudante consciencioso da Bíblia.
Como contraste,
temos demonstrado nos capítulos iniciais deste livro que a verdade
dispensacional é exposta à exaustão no Novo Testamento e ilustrada em muitas
figuras do Antigo Testamento. Existe uma tão grande abundância de evidências da
ordem dispensacional do programa de Deus nas Escrituras que é de surpreender
que alguém pudesse querer contestar.
As páginas a seguir
apresentam alguns exemplos desses erros de interpretação que são tirados de
versículos isolados e obscuros do Novo Testamento.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.