Os líderes dos
judeus (“fariseus” e “saduceus”) se unem para confrontar o
Senhor quanto ao Seu Messianismo (cap. 16:1-4). Eles manifestavam a falta de
fidelidade existente na nação por ocasião da primeira vinda do Senhor. Eles
eram capazes de “discernir a face do céu”,
mas não conseguiam discernir “os sinais
dos tempos”. Como havia sido previsto por seus profetas, na “plenitude dos tempos” (Gl 4:4) Deus
havia visitado o Seu povo enviando o Messias, mas por cegueira e incredulidade
eles não perceberam (Is 53:2). Consequentemente o Senhor anunciou que não daria
a eles nenhum outro sinal, indicando assim que Seu testemunho Messiânico para a
nação estava encerrado. Então Ele “deixando-os,
retirou-Se”. Mais uma vez isso era uma ação simbólica indicando que Ele
estava prestes a romper suas conexões com a nação.
Então o Senhor
levou “seus discípulos para o outro lado”
do mar da Galileia (Mt 16:5-12). A jornada pelo mar indicava a nova direção que
Deus estava prestes a tomar em Seus planos de alcançar os gentios, dos quais o
mar é uma figura (Ap 17:15). Naquela ocasião o Senhor advertiu Seus discípulos
para que se separassem dos corruptores princípios e práticas (“fermento”) da porção incrédula da
nação.
Quando eles
chegaram “às partes de Cesaréia de Filipe”
(uma colônia romana na terra de Israel), o Senhor começou a ensinar Seus
discípulos da novidade que estava prestes a introduzir -- “a Igreja” (Mt 16:13-20). É significativo que o Senhor tenha levado
Seus discípulos para uma região de gentios a fim de ensinar estas coisas a
eles. Trata-se do ponto mais distante da terra em relação a Jerusalém, e isto
sugere que para alguém compreender corretamente a verdadeira natureza da
vocação da Igreja é preciso que haja uma separação prática de tudo aquilo que
represente Jerusalém em termos de um sistema de adoração (o “arraial” de Hebreus 13:13). O Senhor
anuncia que iria edificar a “Igreja” sobre
o fundamento da confissão acerca dele de que era “o filho do Deus”. Ele também admoestou Seus discípulos para que
cessassem sua missão de dizer à nação “que
ele era Jesus, o Cristo” (ou o “Messias”,
conforme João 1:41).
Então o Senhor
anunciou que, depois de rejeitado, iria morrer pelas mãos “dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas” (Mt
16:21-23). Aprendemos em outra parte que a obra que Ele estava prestes a
cumprir sobre a cruz fazendo a expiação seria o meio de bênção generalizada
para os homens. Além do mais, Ele anunciou que a senda do discípulo que se
propusesse a segui-Lo como um Salvador rejeitado seria, no momento presente, a
senda dos fiéis (Mt 16:24-26). O Senhor terminou Seu discurso falando de Sua
vinda como “o Filho do Homem” e do
estabelecimento do “Seu reino” (Mt
16:27-28). Estas coisas apontam para o Milênio que virá após o presente
período.
O Monte da
Transfiguração no capítulo seguinte (17) nos dá uma visão prévia do reino
milenial vindouro de Cristo. As palavras “seis
dias depois” vistas à luz de 2 Pedro 3:8 e do Salmo 90:4 sugerem que a
manifestação da glória da vinda do reino de Cristo acontecerá depois da
história de 6 mil anos do homem na terra.
“Moisés e Elias” com o Senhor no monte representam as duas
classes de santos celestiais no reino -- os ressuscitados e os levados vivos
para a glória no Arrebatamento (vers. 1-13). Os três apóstolos (“Pedro, Tiago e João”) receberam um
lugar de proximidade do Senhor e representam o remanescente de judeus. Os
outros apóstolos, ao pé do monte, representam o remanescente das dez tribos de
Israel. A “multidão” e
particularmente “um homem, pondo-se de
joelhos diante dele”, aproximando-se por fé, representa as nações gentias
que se prostrarão diante de Cristo, o Rei (Sl 18:44; 66:3; 72:11; 81:15). Tudo
isso compõe uma imagem das várias classes de santos celestiais e terrenos no
reino. Digno de nota aqui é que eles não são um grupo indistinto de pessoas
(como ensina a Teologia do Pacto), mas são grupos separados de pessoas e
distinguidos assim.
O Senhor libertou
o filho daquele homem do “demônio, que
saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou” (Mt 17:14-21). Isso aponta
para a derrota de Satanás, quando o Senhor lançar a ele e a seus anjos no
abismo (Is 24:21-22; Ap 20:1-3). O menino curado é uma amostra da cura e bênção
que o Senhor trará a todo o mundo (Ml 4:2).
A cena final do
capítulo 17 traz Pedro lançando o anzol “ao
mar” e pescando um peixe com uma moeda em sua boca (vers. 24-27). Isto
representa a nação de Israel durante o milênio valendo-se da “abundância do mar”. As nações gentias de
boa vontade pagarão tributo a Israel por causa da “glória do Senhor” que repousará sobre eles. “Então o verás, e serás iluminado, e o teu coração estremecerá e se
alargará; porque a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas dos gentios
virão a ti.” (Isaías 60:5 etc.).
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.