A história do bom Samaritano
é precedida por um doutor da Lei de Moisés que pergunta ao Senhor o que seria
exigido de um judeu para que fosse abençoado por Deus dentro daquele sistema
judaico. O Senhor lhe respondeu apontando para a guarda dos mandamentos. Em
seguida contou a parábola do Samaritano. O “homem”
que “descia... de Jerusalém para Jericó”
ilustra a trajetória descendente dos judeus em seu fracasso em cumprir a Lei. A
nação havia se apartado da presença de Deus (representada por Jerusalém) e
seguia em direção ao juízo sob uma maldição de Deus (representada por Jericó --
Js 6:26). Os judeus haviam sido subjugados pelo poder do mundo gentio que deixara
a nação como um homem “meio morto”.
Naquela condição caída sua religião não podia ajudá-los. Isto é representado
pelo “sacerdote” e pelo “levita” que não ajudam o homem caído à
beira do caminho. A Lei não podia ajudar aqueles que eram incapazes de fazer o
que ela ordenava.
O “Samaritano” que apareceu em cena para
resgatar aquele homem é uma figura do Senhor Jesus Cristo. A razão de o Senhor
ter usado aquele termo para descrever a Si mesmo indica que Ele aceitava o fato
de ter sido rejeitado pelo povo, pois os judeus desprezavam os samaritanos.
Todavia, Ele resgatou o homem indo até ele e derramando “azeite e vinho”. Isto representa o Senhor ministrando as bênçãos
da salvação por intermédio do Espírito Santo a um remanescente da nação que
tinha crido nele. O Samaritano então levou o homem, não de volta a Jerusalém,
mas a uma “estalagem”, que é uma
figura da assembleia. Trata-se de uma figura adequada da Igreja, pois uma
estalagem é um lugar de repouso temporário para os viajantes, e a Igreja é
apresentada nas Escrituras como uma companhia de peregrinos de passagem por
este mundo. O homem levado à estalagem ilustra o fato de que, por ocasião da
primeira vinda do Senhor, um remanescente de crentes da nação de Israel seria
levado à assembleia (Rm 11:6; Gl 6:16).
Na estalagem o
homem recebeu ajuda, alimento e comunhão para atender suas necessidades. Isto
representaria o cuidado pastoral que deve ser ministrado aos novos convertidos
na assembleia (At 20:28). Após deixar o homem aos cuidados do “hospedeiro” (uma figura do Espírito
Santo trabalhando por intermédio dos santos na assembleia), o Samaritano pagou
pela estadia do homem com “dois dinheiros”,
prometendo “voltar”. Isto sugere que
o período que ele ficaria fora seria de dois dias, pois naquela época um
dinheiro era o salário de um dia (Mt 20:2). Interpretando os dois dias com a
ajuda do Salmo 90:4 e de 2 Pedro 3:8 temos uma pista de que a ausência do
Senhor duraria dois mil anos, após a qual Ele voltaria no Arrebatamento. Embora
esta parábola não faça muito mais do que mostrar a retomada das tratativas do
Senhor para com Israel, ela certamente indica a mudança dispensacional da Lei
para a Graça.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.