Esta passagem
começa com o Senhor apresentando-Se à nação como o Messias, em conformidade com
o que havia sido dito pelo profeta Zacarias naquilo que costuma ser chamado de uma
“Entrada Real” em cena. Em Mateus 21:5 o Espírito Santo cita Zacarias 9:9,
dizendo: “Eis que o teu Rei aí te vem, manso,
e assentado sobre uma jumenta, e sobre um jumentinho, filho de animal de carga.”.
Mas ele omite a palavra “salvação”
(ou “salvador” ou “vitorioso”, dependendo da versão). A
razão disso é que naquele momento não haveria salvação para a nação, uma vez
que Ele tinha sido rejeitado. Após a multidão ter ficado de certo modo animada
no capítulo 21:1-11, as pessoas acabam manifestando sua incredulidade ao
perguntarem “Quem é este?” (vers. 10).
Isto demonstra que a nação, como um todo, não conhecia o tempo de sua visitação
por Jeová na Pessoa de Cristo (Lc 1:78; 19:44).
No dia seguinte o
Senhor demonstrou que, se eles O tivessem recebido, Ele purificaria a nação e
começaria a “regeneração” (Mt 19:28)
pela purificação do templo expulsando os mercadores (Mt 21:12-16). A reação dos
judeus a isso foi de indignação. O Senhor então os deixou e pronunciou uma
maldição contra a “figueira” que
encontrou no caminho, pois ela não tinha fruto e “não achou nela senão folhas” (Mt 21:17-22). Aquilo era uma ação
simbólica indicando que a nação (a “figueira”)
seria amaldiçoada por não dar fruto para Deus, e isto ficou evidente pela
rejeição que Ele sofreu dos líderes. Usando de uma outra figura para a nação de
Israel o Senhor falou aos discípulos do “monte”
que seria “precipitado no mar”. Aquilo
indicava que a nação seria dispersa entre os gentios, pois o mar é uma figura
dos gentios (Ap 17:15).
Questionado pelos
líderes eclesiásticos quanto à Sua autoridade para ensinar no templo, Ele
respondeu com três parábolas que
expunham a condição da nação (Mt 21:23-27). A parábola dos “dois filhos” (Mt 21:28-32) ilustra o comportamento da nação sob a
Lei. Havia evidentemente duas partes
da nação: o primeiro filho representava aqueles que se rebelaram contra os mandamentos
dados por Moisés, porém se arrependeram depois. Estes seriam os publicanos e
pecadores que se aproximavam do Senhor para ouvi-Lo (Lc 15:1). Eles formavam a
porção menor da nação. O segundo filho manifestou uma hipócrita pretensão de
obedecer, porém não era real. Ele representava os escribas e fariseus, que
apresentavam um grande teor de profissão religiosa, porém sem arrependimento.
A parábola dos
lavradores maus (Mt 21:33-46) ilustra o comportamento da nação sob o ministério
dos profetas, incluindo João Batista e o próprio Cristo. Eles rejeitaram os
profetas e mataram seu Messias (1 Ts 2:15). Consequentemente a vinha seria
entregue a “a outros lavradores” que
produzissem “frutos” para Deus. Estes
representam o remanescente restaurado de Israel no futuro, o qual produzirá
fruto daquela vinha para Deus (Os 14:4-9).
A parábola das
bodas do filho do rei (Mt 22:1-14) ilustra o comportamento da nação sob o ministério
dos apóstolos antes e depois da cruz. Dois convites são feitos
às pessoas, mas esbarram em uma aberta rejeição à graça de Deus. O primeiro
indica o chamado feito à nação antes
da cruz (vers. 3); o segundo indica o chamado feito após a cruz -- com “bois e
cevados já mortos” (vers. 4-6). É então derramado juízo sobre o povo e o
rei envia exércitos para destruírem a cidade. Isto, como sabemos, cumpriu-se no
ano 70 D.C. por meio de Tito e do exército romano (vers. 7).
Um terceiro
convite é enviado a outros que antes não tiveram oportunidade. Isto aponta para
o chamado dos gentios pelo Evangelho da Graça de Deus (vers. 8-10). Muitos
responderam ao chamado e foram recebidos, “tanto
maus como bons”. Isto se refere à mistura de povos introduzidos na
profissão cristã; há aqueles na cristandade hoje que têm uma fé genuína e
aqueles que apenas professam ser crentes. O resultado é que muitos convidados foram
às “bodas”, apesar de nem todos serem
genuínos. Então chega o momento quando “o
rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado
com veste de núpcias”. Esse foi tirado fora para receber juízo. Isto indica
o juízo discriminatório que ocorrerá por ocasião da Manifestação de Cristo (Mt
13:37-43; 24:39-41).
Esta última
parábola não chega a falar da restauração do remanescente de Israel no futuro,
como faz a parábola anterior, pois a ênfase do ensino do Senhor neste momento
de Seu ministério era deixar claro para os líderes responsáveis dos judeus o
solene fato de que a nação estava para ser colocada de lado por eles O terem
rejeitado.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.