Após apresentar o
Senhor Jesus Cristo em Sua deidade (vers. 1-4), o apóstolo João registra que a
condição do povo era tal que não o tinham visto pelo que Ele era. “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas
não a compreenderam” (vers. 5). Conhecendo a condição do homem, Deus enviou
um mensageiro (João Batista) para anunciar a vinda da “Luz” ao mundo (vers. 6-9). Isso causou, da parte do povo, uma
aberta rejeição ao Senhor (vers. 10-11), exceto em alguns poucos que eram
nascidos de Deus (vers. 12-13). Aqueles que tinham fé viram “a sua glória” e receberam “da sua plenitude”, experimentando assim
a “graça e verdade” que Ele trouxe ao
homem (vers. 14-18).
Os líderes dos
judeus, porém, manifestaram sua ignorância e incredulidade ao questionarem o
ministério de João Batista e o testemunho do Senhor (vers. 19:28). O trabalho
de João era preparar o povo para receber o Senhor batizando-os com o batismo de
arrependimento, mas eles “rejeitaram o
conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele” (Lc
7:30). Portanto era inevitável que a nação fosse colocada de lado por Deus, e
que a antiga dispensação desse lugar a algo novo.
Com tal mudança no
horizonte, João encaminhou seus discípulos a Cristo, a quem eles viriam a
seguir (vers. 29-51). Essa transferência de discípulos de João para Cristo representa
a mudança dispensacional que iria ocorrer. A narrativa passa então a mencionar
uma série de coisas que representam os elementos do cristianismo — indicando
claramente o que estava por vir. É feita referência ao Senhor Jesus como “o Cordeiro de Deus”, o que aponta para
Sua obra na cruz (vers. 29, 35; 1 Pe 1:19; Ap 5:6), “o Filho de Deus”, que seria o Objeto do testemunho na nova
dispensação (vers. 34; At 9:20; Rm 1:3), e o “Cristo” que aponta para Sua ressurreição (vers. 41; At 2:36). Há
também menção ao batismo do “Espírito
Santo”, pelo qual Deus formou a Igreja e reuniu os crentes no corpo de
Cristo (vers. 32-33; 1 Co 12:13)). É feita também referência ao lugar de
habitação de Cristo na terra, o que aponta para a Igreja como casa de Deus
(vers. 38-39; Ef 2:21-22). Finalmente vemos que havia entre os discípulos um
exercício de saírem para levar outros a Cristo, o que ilustra a obra do
evangelho (vers. 40-42, 45-50). Estas coisas marcam a presença do cristianismo
na nova dispensação.
É significativo
que estas coisas sejam mencionadas como tendo acontecido em dois dias
consecutivos (vers. 29 e 43). (A expressão “outra
vez” no versículo 35 indica que isso aconteceu no mesmo dia como no
versículo 29). Se interpretarmos estes dois dias à luz do Salmo 90:4 e de 2
Pedro 3:8 — passagens das Escrituras que falam de um dia para Deus representar
1000 anos — teremos uma forte indicação de que o atual Dia da Graça seria de
aproximadamente 2000 anos.
Então, no capítulo
2, ocorreu um casamento em Caná no “terceiro
dia”. Isso prefigura a reunião de Israel com o Senhor quando o povo for
restaurado a Ele em um dia vindouro (Os 2:16; Is 54:4-7; 62:4-5). Nas bodas o
Senhor criou um “vinho novo” para
todos os que estavam ali, o que nos fala do gozo que o Senhor irá trazer à
terra naquele dia milenial.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.