“A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?” por Bruce Anstey

MATEUS 14

Este capítulo começa com o Senhor sendo rejeitado, e isto fica evidente pelo fato de Seu precursor e arauto, João Batista, ter sido morto (vers. 1-12). Depois de ter sido rejeitado o Senhor foi para um lugar deserto onde continuou seu ministério para as multidões (vers. 13-14).

Naquele lugar de desterro o Senhor “curou os seus enfermos”. Isso dava testemunho ao fato de que Deus havia realmente visitado o Seu povo na Pessoa do Messias, pois as Escrituras afirmam claramente que quando Ele viesse para estabelecer o Seu reino as curas generalizadas seriam um de seus feitos notórios a todos (Sl 103:3; Is 33:22-24; 35:1-7). Outra característica notável do reino do Messias como é apresentado no Antigo Testamento é que ninguém seria pobre ou passaria fome. Ele fartaria “de pão os seus necessitados” e seria aquele que “que dá pão aos famintos” (Sl 132:15; Sl 146:7; Am 9:13). O Senhor demonstrou isto ao alimentar os cinco mil que estavam com ele no deserto, confirmando assim que Ele tinha poder para estabelecer o reino conforme prometido pelos Profetas (vers. 15-21). Portanto, durante o ministério terreno do Senhor eles “provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro” (Hb 6:5). Foi dado a eles uma amostra das coisas que caracterizariam o reino, caso eles O recebessem.

Todavia, esta passagem de Mateus 14 não registra qualquer indício de que o povo apreciasse o que o Senhor tinha feito, e tampouco houve qualquer reconhecimento de que Ele seria verdadeiramente o Messias de Israel. A narrativa nada fala neste sentido, ilustrando assim a infidelidade da nação e sua recusa em reconhecê-Lo como o Messias deles. Foram recolhidas “doze alcofas cheias” como uma abundância que seria guardada para ser usada no futuro (vers. 20). Isto sugere que o Senhor ainda não tinha desistido da nação de Israel. Aquilo que abundou seria usado no futuro quando Ele voltasse para tratar com o remanescente crente; naquele dia haveria um cesto da bênção de Deus para cada uma das doze tribos.

Por não existir qualquer reação da parte do povo naquela ocasião o Senhor dispensou a multidão (vers. 22-23). Isto ilustra o endurecimento de suas relações com a nação que seria temporariamente deixada de lado. Os doze apóstolos foram então colocados no “barco” e enviados “para o outro lado” do mar. Isto significava uma nova abordagem de Deus no testemunho cristão do tempo presente. O barco sendo enviado através do mar é uma figura do testemunho cristão saindo em meio aos gentios (At 15:14). Os apóstolos que entrarem no barco representam o remanescente crente de judeus que foram tirados do judaísmo e introduzidos na Igreja (At 2:41; 4:4; 5:14; 6:7; Rm 11:5; Gl 6:16). Enquanto isso o Senhor “subiu ao monte para orar, à parte”. Isto significa a ascensão do Senhor à glória para assumir Sua atual função de Sumo Sacerdote em oração intercessora a favor daqueles que são Seus neste mundo (Rm 8:34; 7:25).

A jornada dos discípulos no barco até o outro lado foi feita à noite (vers. 24-25). Isto corresponde ao fato de os homens maus terem expulsado o Senhor, que é “a luz do mundo” (Jo 9:4-5) deixando este mundo em um estado de trevas morais e espirituais. Além disso, durante o tempo da ausência do Senhor, longe de Seus discípulos, uma grande tempestade se abateu sobre o barco. Isto fala da tentativa de Satanás de destruir o testemunho cristão. O “vento”, que “era contrário”, aponta para o fato de que Satanás bombardearia a Igreja com más doutrinas (Ef 4:14; 2 Pe 2:1). Todavia, perto do fim da jornada, “à quarta vigília da noite”, a qual se estende até o amanhecer, os discípulos viram o Senhor vindo em direção a eles! (vers. 25:26). Isto aponta para o despertamento ocorrido no testemunho cristão nestes últimos dias. Há cerca de 180 anos o mundo cristão tomou consciência da realidade de que o Senhor estava para voltar em breve. A verdade do Arrebatamento foi recuperada naquela ocasião. A iminência disso cativou a muitos, fazendo com que deixassem de lado os interesses e bens mundanos para servirem o Senhor com propósito de coração. Isto tem sido chamado de “clamor da meia noite” (Mt 25:6).

Pedro ficou tão impressionado com a vinda do Senhor em direção a eles que saiu do barco para ir ao encontro do Senhor (vers. 28-29). Isto é uma figura do testemunho remanescente que se formou naquela ocasião (no século 19). Cristãos de várias denominações saíram de suas associações denominacionais formais e começaram a congregar ao nome do Senhor Jesus somente; eles não tinham o suporte de qualquer sistema religioso, mas confiavam simplesmente no Espírito de Deus em todas as questões concernentes à adoração e ao ministério da Palavra. No que diz respeito a estas coisas, eles trilharam o caminho que só pode ser trilhado por fé.

Mas Pedro tirou seus olhos do Senhor e começou a olhar para as ondas, passando a afundar (vers. 30). Se Pedro, ao caminhar sobre as águas, representa os primeiros dias do testemunho remanescente do século 19, Pedro afundando nas águas representa estes últimos dias. O problema foi que Pedro estava tentando fazer algo que ele já estava fazendo, porém sem olhar para o Senhor — e tal coisa não poderia ser feita. De igual modo irmãos em nossos dias estão aprendendo que não são capazes de seguir em frente na condição de um testemunho remanescente (isto é, fazendo o que os irmãos fizeram no passado) sem a energia espiritual e a fé que eles tinham. Todavia, quando Pedro começou a afundar ele fez a coisa certa ao clamar: “Senhor, salva-me!” (vers. 30). Isso é tudo que podemos fazer hoje — precisamos coletivamente clamar ao Senhor para salvar o testemunho dos santos congregados ao Seu nome (Mt 18:20). A única coisa encorajadora a respeito do afundamento de Pedro e de ter pedido por socorro ao Senhor é que imediatamente o Senhor encontrou-Se com os discípulos e a jornada chegou a fim! (vers. 31-33). Quando vemos as coisas afundando é um sinal de que a volta do Senhor está próxima. Possamos, portanto, ficar encorajados com isso.

Ao chegarem ao outro lado do lago vemos uma cena de bênção generalizada na terra de Genesaré. Trata-se de uma figura da bênção milenial que ocorrerá após a Igreja ter terminado seu curso neste mundo e um remanescente de Israel ter sido restaurado ao Senhor. “Os homens daquele lugar o conheceram” (vers. 34-36). Isto aponta para o fato de que no dia milenial “a terra se encherá do conhecimento do Senhor” (Is 11:9). Além disso, Israel sob a Nova Aliança terá um conhecimento íntimo do Senhor. “E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor” (Jr 31:34). Todos na terra de Genesaré foram abençoados. “Trouxeram-lhe todos os que estavam enfermos... e todos os que tocavam [o Senhor] ficavam sãos” (vers. 36).  



Postagens populares