O Senhor limpou
o leproso e o enviou “ao sacerdote”
(que devia ser quem declarara que aquele homem era homem imundo -- Levítico 13)
“para lhes servir de testemunho”
(vers. 3-4). Os Rabis acreditavam, e com razão, que apenas Jeová poderia curar
um leproso (Nm 12:13-15; 2 Rs 5:14; Sl 103:3 etc.), portanto aquilo seria um
testemunho inegável à nação de que Jeová havia realmente visitado o Seu povo na
Pessoa de Cristo. A missão do leproso enviado aos sacerdotes é uma figura da
missão dos discípulos do Senhor que Ele enviou aos judeus para testificarem que
Ele viera para lhes trazer salvação e bênção (Lc 9:1; 10:1).
Todavia, os
sacerdotes não receberam o testemunho do leproso. Isto fica evidente por não
existir menção deles se regozijando e correndo receber o Messias. Ao invés
disso o texto não faz qualquer menção de alguma iniciativa da parte deles; evidentemente
eles não ligaram para o fato de o leproso ter sido curado. Isto aponta para a total
infidelidade dos judeus por ocasião da primeira vinda do Senhor. A nação não
queria recebê-Lo como seu Rei.
Nos versículos
5-13 a narrativa sofre uma mudança brusca. Somos apresentados a uma cena onde
um “centurião” romano (um gentio)
recebeu bênção em sua casa por ter exercido uma fé simples no fato de Jesus ser
“Senhor”. Seu servo tinha uma forma
debilitante de paralisia, o que é uma figura da condição impotente dos
pecadores neste mundo que estão “fracos”
(Rm 5:6). Todavia, ele foi “curado”
pelo poder de Deus.
É significativo
que o Senhor tenha realizado este milagre de curar o servo paralítico à
distância -- sem visitar a casa do centurião. Isto nos fala do caráter da
bênção que está sendo hoje derramada sobre os gentios pelo evangelho, numa
época em que Cristo está ausente. Como o centurião chamou a Jesus de “Senhor”, os crentes hoje tirados de
entre os gentios estão sendo introduzidos na bênção da salvação simplesmente
por reconhecerem por fé que Jesus é “Senhor”
(Rm 10:9). O meio pelo qual a bênção foi comunicada foi a “Palavra” (vers. 8), que é o que Deus está usando hoje para salvar
os homens (At 13:26; 2 Ts 3:1; 2 Tm 4:2).
Esta mudança na
narrativa -- da bênção que alcança um gentio -- indica a mudança que ocorreu no
modo dispensacional de agir de Deus. Como consequência do fracasso dos judeus
em reconhecerem a Cristo como seu Rei de direito, Deus os colocou de lado
temporariamente e está agora alcançando o mundo gentio para tirar dele um povo
para o Seu nome no presente Dia da Graça (At 15:14).
Depois que tiver
“entrado a plenitude dos gentios” (Rm
11:25), representada pela cura do servo do centurião, o Senhor tomará um
remanescente de Israel e o introduzirá na bênção. Isto está ilustrado na cena
em que a sogra de Pedro se levanta depois de ter estado “acamada e com febre” (vers. 14-15). É o que acontecerá na segunda
vinda do Senhor (Sua Manifestação), quando nascerá “o Sol da justiça, e cura trará nas suas asas” (Ml 4:2).
Imediatamente após a restauração de sua saúde, a sogra de Pedro “levantou-se, e serviu-os”. Isto revela
que quando Israel for restaurado naquele dia ainda futuro, o povo será um
instrumento da bênção de Deus para o mundo. Eles serão chamados de “ministros de nosso Deus” (Is 61:6).
Digno de nota é
que o Senhor “tocou” o leproso (vers.
3), e “tocou” a sogra de Pedro (vers.
15) mostrando assim Sua presença pessoal tanto em Seu primeiro quanto segundo
adventos. Mas o Senhor não teve um contato pessoal com o servo gentio
paralisado, cuja bênção foi recebida entre esses dois adventos. A bênção chegou
a ele quando o Senhor estava distante. Como já foi mencionado, isto ilustra o
modo como a bênção é dispensada por meio da Palavra de Deus ao mundo gentio na
época atual, quando Cristo está ausente.
Apos curar a
sogra de Pedro tem início um novo dia -- “chegada
a tarde” é quando o dia começa segundo o calendário judaico. A bênção então
saiu através do Senhor em todas as direções, não tendo ficado limitada à família
de Pedro. Isto nos fala do tempo do reino milenial de Cristo, quando a bênção
sairá por todo o mundo. Os “endemoninhados”
foram libertos do poder de Satanás pelo Senhor que expulsou os “espíritos” maus. Isto indica Satanás
sendo preso e lançado no abismo, juntamente com seus emissários, no início do
dia milenial (Is 24:21; Ap 20:1-3). O Senhor também “curou todos os que estavam enfermos”. Isto nos fala, em forma de
figura, da cura que acontecerá em escala mundial de todas as enfermidades e
será característica o Milênio (Sl 103:3; 146:8; Is 33:24; 35:5-6).
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.