Durante a Ceia da
Páscoa, que é uma festa judaica para o povo terreno de Deus, Israel, o Senhor
fez uma pausa para introduzir algo novo -- “a
Ceia do Senhor”, como nós a conhecemos no cristianismo (1 Co 11:20) -- após
a qual eles retomaram a Ceia da Páscoa. Este incidente é rico de significado
dispensacional.
Existe uma progressão
na luz que é derramada e na aplicação do ato de partir o pão nas Escrituras. Inicialmente
este era um costume judaico que as famílias observavam em memória de algum
finado ente querido. Eles “partiam o pão”
como recordação daquela pessoa (Jr 16:7). Mais tarde o Senhor introduziu um
novo aspecto do partir do pão na noite em que foi traído. Ele estava prestes a
ser condenado à morte e queria que Seus discípulos se lembrassem dele daquela
maneira em especial (vers. 26-28). Este memorial tinha uma característica
distintamente judaica agregada a ele, pois Israel ainda não tinha sido
formalmente colocado de lado e o reino continuava a ser oferecido à nação. O
remanescente de discípulos judeus, que aguardava pelo estabelecimento do reino,
devia recordar o seu Messias daquela nova maneira. Mas então, após o Espírito
de Deus ter descido e formado a Igreja (o corpo de Cristo), e Israel ter sido
oficialmente colocado de lado, o apóstolo Paulo apresentou o partir do pão na
configuração cristã que lhe é própria. Agora o partir do pão é um ato pelo qual
os cristãos, como membros do corpo de Cristo, podem expressar sua comunhão no
corpo repartindo o pão (1 Co 10:16-17; 11:23-26). A Igreja fazia assim no
primeiro dia da semana, o Dia do Senhor (At 20:7).
O que precisamos enxergar
aqui em Mateus 26:17-30 é que o Senhor apresentou a Ceia do Senhor em meio à observância da Ceia da Páscoa.
A Ceia do Senhor estava inserida na Ceia da Páscoa que já estava sendo
celebrada. Isso era significativo e apontava para o fato de que a ordem judaica
seria temporariamente suspensa para dar lugar à ordem cristã. Depois que o
Senhor e Seus discípulos comeram a Ceia, em conexão com Sua morte, eles
retomaram a Ceia da Páscoa cantando “um
hino” -- “O Grande Hallel”. Este hino consiste nos Salmos 113 a 118. A
retomada da celebração da Páscoa indica que a ordem judaica voltaria a ser
observada em um tempo futuro. Não deveríamos menosprezar esta sequência de eventos;
ela está bem de acordo com o tema do Evangelho de Mateus, que apresenta os
desígnios dispensacionais de Deus.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.