JOÃO 9
Este capítulo ilustra uma progressão
de luz que ocorre em todo crente que vem das trevas relativas do Judaísmo para
a superioridade da luz do Cristianismo. João registrou esta transição em sua
epístola dizendo: “Vão passando as
trevas, e já a verdadeira luz ilumina” (1 Jo 2:8).
O
Senhor anunciou que Ele era “a Luz do
mundo” (Jo 9:5), mas as trevas espirituais que prevaleciam sobre o povo eram
tais que não podiam ver a Luz. A enfermidade do homem deste capítulo, o qual
era “cego de nascença”, ilustra isto.
O que o Senhor fez por ele mostra a obra de Deus nas almas que as capacita a
enxergar a Cristo pelo que Ele é. Ao ver a Cristo como o Filho de Deus aquele
homem já não necessitava do modo judaico de aproximar-se de Deus, e demonstrou
isso adorando o Senhor fora do templo, isto é, fora do “arraial” (Jo 9:38; Hb 13:13).
Para
que tudo isso ocorresse o Senhor cuspiu na terra e fez “barro”, o que significava a grande verdade de Sua encarnação (Jo
9:6). A saliva que saiu do próprio Senhor, que é Deus, e foi misturada com “o pó da terra”, que nos fala de
humanidade (Gn 2:7; 3:19), aponta para o Filho de Deus tornando-se Homem. A
aplicação da saliva nos olhos do cego nos fala do poder vivificador de Deus em
conceder a vida por meio da qual é ativada a faculdade espiritual para se
compreender as coisas divinas (Pv 20:16; At 26:18; Ef 4:17-18). O lavar no “tanque de Siloé (que significa o Enviado)”
nos fala de um crente que chega ao entendimento de que o Senhor Jesus é o
Enviado do Pai (Jo 9:7). Esta é uma revelação tipicamente cristã.
Após
seus olhos terem sido abertos ocorreu no homem que havia nascido cego uma
progressão de luz e entendimento — ele passou do mendigar (Jo 9:8) ao adorar (Jo
9:38). Sua experiência ilustra o processo pelo qual passam os fiéis do antigo
sistema legalista ao chegarem ao conhecimento e à liberdade devida ao cristão.
Inicialmente tudo o que ele sabia do Senhor era que Ele era “o homem chamado Jesus”, mas ele não
sabia quem era aquele Homem ou de onde Ele tinha vindo (Jo 9:11). Depois, ao
ser questionado, ele respondeu: “[Ele] é
Profeta” (Jo 9:17). Em seguida o homem viu o Senhor como Alguém digno de
ter “discípulos” (Jo 9:27-28) e mais
tarde disse aos judeus que o Senhor Jesus era um Homem “de Deus” (Jo 9:33). Finalmente ele viu o Senhor como o “Filho de Deus”, o que ele realmente era
(Jo 9:35-38). Assim vemos na experiência deste homem uma maravilhosa transição
das trevas para a luz. Nesse processo o homem sofreu perseguição dos judeus.
Isto demonstra que aqueles que caminham na luz da nova dispensação serão
perseguidos pelos que andam de acordo com a ordem da velha dispensação (At
13:50; 14:19; 17:5; 1 Ts 2:14-16; Ap 3:9).
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.