ROMANOS 11:15-25
Nesta
passagem Paulo demonstra que existem duas
apostasias entre aqueles que foram agraciados com o favor de Deus: a que
ocorreu em Israel e a que está atualmente em curso hoje na cristandade
professa. Isto enfatiza o já conhecido fato de que sempre que Deus entrega
privilégios e responsabilidades nas mãos do homem, este falha em cumprir com
suas responsabilidades e perde seus privilégios — seja ele judeu ou gentio.
Ao
responder às objeções que os judeus naturalmente levantariam pelo fato de Paulo
ensinar que Israel teria sido colocado de lado como nação, o apóstolo demonstra
neste capítulo que a rejeição de Israel não seria total (Rm 11:1-10), e nem
final
(Rm 11:11-32). Não é total porque Deus continua salvando
pessoas daquela nação. Paulo menciona sua própria conversão como exemplo,
mostrando que ainda existiria um “remanescente
segundo a eleição da graça”. A rejeição também não seria final,
pois os profetas do Antigo Testamento declaravam de forma cristalina que Deus voltaria
a tratar com Israel para introduzir um remanescente daquela nação na bênção.
Ele cita Isaías 59:20-21 como prova (Rm 11:25-27). Deste modo, no versículo 15
Paulo enfatiza que a “rejeição” deles
realmente é um fato. Isto corresponde ao que dizem as profecias do Antigo
Testamento que já consideramos no primeiro “pilar”.
Mas no mesmo versículo ele afirma que no futuro voltará a ocorrer sua “admissão”.
Paulo
usa a figura de uma “oliveira” para
ilustrar as tratativas de Deus com Israel e gentios (Rm 11:16-29). A quebra dos
“ramos naturais” da árvore significa
a remoção temporária de Israel de um lugar de santa associação com Deus. O
enxerto dos ramos de um “zambujeiro”
ou “oliveira brava” aponta para os
gentios sendo introduzidos em um lugar de associação e privilégio com Deus. O
aviso que é dado a esses ramos selvagens é que serão cortados se não
continuarem em fidelidade para com a bondade de Deus, e isso se refere ao que
as Escrituras predizem que irá acontecer à profissão cristã — ela será cortada
em juízo por causa da apostasia. O enxerto que voltará a ser feito com seus
ramos naturais que tinham sido cortados significa Deus voltando a tratar com
Israel para bênção. Esta simples ilustração nos dá uma imagem das maneiras
dispensacionais de Deus agir.
Vários
termos e expressões são usados no capítulo para indicar o favor e privilégio
que foi estendido aos gentios no tempo presente, sem chegar a falar de novo
nascimento e salvação. Paulo fala de “reconciliação
do mundo” (uma reconciliação provisional — Rm 11:15), dos ramos sendo “santos” por sua associação com Abraão
como “raiz” (santificação relativa — Rm
11:16), e dos ramos participando da “seiva
da oliveira” ao serem enxertados nela (Rm 11:17), e deste modo, por meio
destas coisas, os gentios desfrutando da “bondade
de Deus” (Rm 11:22). Todavia nenhuma destas coisas se refere à salvação
vital da alma pela fé e Cristo. Ao invés disso, elas estão se referindo à
grande oportunidade e privilégio que foram dados aos gentios no tempo presente.
(Se os ramos selvagens enxertados na oliveira significassem a bênção da
salvação, então a possibilidade de serem “cortados”
significaria a perda da salvação de uma pessoa, o que as Escrituras ensinam ser
impossível de acontecer. Tampouco deveríamos pensar que a passagem esteja
ensinando que as bênçãos de Israel tenham sido transferidas aos cristãos de
alguma maneira espiritualizada).
Os
ramos de oliveira brava se referem à profissão cristã (que é formada em sua
maioria por gentios) à qual é dada a oportunidade de ocupar um lugar de favor
diante de Deus. Os ramos da oliveira brava não representam a Igreja, mas sim
aqueles que professam (e não necessariamente possuem) a fé em Cristo neste Dia
da Graça. O assunto da ilustração não é indicar as bênçãos espirituais individuais dos crentes, mas os privilégios espirituais daqueles
associados ao Senhor, privilégios estes que foram assim transferidos de Israel
aos gentios.
Traduzido de “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture - Which is the Truth?”, por Bruce Anstey publicado por Christian Truth Publishing. Traduzido por Mario Persona.